Há momentos em que a arquitetura transcende o concreto e se torna símbolo. No Dia Mundial da Arquitetura, celebramos justamente esses instantes em que o desenho de um edifício se transforma em linguagem, expressão cultural e até manifesto urbano. De Marselha a São Paulo, de Zaha Hadid a Isay Weinfeld, revisitamos projetos que marcaram seus tempos e redefiniram o que significa habitar com sofisticação, conexão e propósito.
Nos anos 1950, o mundo se recuperava das feridas da guerra e olhava para o futuro com uma sede quase utópica de modernidade. Foi nesse contexto que Le Corbusier ergueu a Unité d’Habitation, em Marselha, França. Um prédio imenso, quase brutal em sua linguagem de concreto aparente, mas revolucionário na proposta: ali, pela primeira vez, surgia a ideia de uma “cidade vertical”. Moradia, lazer, mercado, escola, tudo coexistindo sob o mesmo teto. O edifício causou espanto, mas também admiração. E, décadas depois, influenciaria gerações de arquitetos mundo afora.
Do outro lado do Atlântico, o Brasil vivia seu próprio encantamento com o modernismo. Em 1966, o Edifício Copan, de Oscar Niemeyer, curvava-se com leveza sobre o centro paulistano. Suas formas onduladas e democráticas abrigavam gente de todos os perfis. Mais do que um prédio, o Copan se tornava um símbolo: da cidade que pulsa, da mistura social, do morar urbano com poesia.
Edifício Copan - São Paulo/SP
À medida que o mundo se globalizava, o luxo ganhava novas camadas. Já não bastava localização ou metragem. Era preciso identidade. Foi assim que, nos anos 90, o arquiteto Renzo Piano projetou The Shard, em Londres. Uma torre de vidro que parece cortar o céu, erguida onde antes havia apenas zonas esquecidas da cidade. O edifício encontrou resistência inicial, mas hoje é parte indissociável da paisagem londrina, símbolo da regeneração urbana com sofisticação.
Por aqui, o Brasil começava a experimentar uma linguagem mais sutil, refinada e autoral. Em São Paulo, o Hotel Fasano, assinado por Isay Weinfeld e Marcio Kogan, não gritava luxo: sussurrava. Com madeira, luz baixa e texturas honestas, reinventou o que se esperava de um hotel cinco estrelas. O Fasano inaugurou um novo jeito de pensar o morar sofisticado: discreto, mas com alma.
The Shard - Londres
Com o novo milênio, vieram também novos valores. A sustentabilidade deixou de ser diferencial e passou a ser premissa. Em Sydney, Austrália, Jean Nouvel deu vida ao One Central Park, um arranha-céu coberto por jardins suspensos e espelhos de luz. O edifício era, ao mesmo tempo, arquitetura e ecossistema. Plantas crescendo nas alturas, tecnologia regenerativa, e uma estética viva. A cidade abraçou a ideia e o mundo também.
Enquanto isso, no litoral paulista, Arthur Casas criava a Condomínio West Whales. Um conjunto de casas que parecia brotar da paisagem, respeitando o entorno, o vento, o sol. Nada era excessivo, tudo era essencial. A arquitetura deixava de ser palco para se tornar cenário de experiências sensoriais. E o mercado de alto padrão começava a enxergar o valor do menos, quando bem pensado.
Condomínio West Whales - São Sebastião/SP
Chegamos à década em que a arquitetura passou a performar, a provocar. Em Pequim, Zaha Hadid entregou o Leeza SOHO, um edifício torcido como se estivesse em movimento eterno. Cada andar revelava uma nova perspectiva em um espetáculo contínuo. A cidade, antes marcada por volumes rígidos, acolheu essa fluidez como um suspiro.
No Brasil, o impacto veio com o Vitra, projetado por Daniel Libeskind e incorporado pela JHSF. Erguido em uma das regiões mais nobres de São Paulo, o edifício não seguia regras: quebrava todas. Linhas diagonais, ângulos inesperados, forma escultural. Foi recebido como obra de arte, daquelas que não agradam a todos, mas que ninguém ignora. Um verdadeiro “colecionável” da arquitetura.
Leeza SOHO - Pequim
Hoje, olhamos para frente com a responsabilidade de construir não apenas para morar, mas para pertencer. O projeto The Line, em NEOM, na Arábia Saudita, é um exemplo extremo: uma cidade linear, futurista, alimentada por energias renováveis e inteligência artificial. Um experimento audacioso que nos faz questionar o futuro das metrópoles e da arquitetura como ferramenta de regeneração planetária.
Por aqui, seguimos com os pés na terra e o coração na natureza. O KAÁ by Laguna, em Curitiba, é um desses empreendimentos que nascem com alma. Assinado pelo escritório Bernardes Arquitetura, o projeto é, como eles definem, uma “ode à casa”. Em um terreno solar, cercado por verde, o edifício não se impõe, ele se acomoda com elegância, como quem sabe que a sofisticação mora no silêncio dos detalhes. E talvez essa seja a maior lição da arquitetura contemporânea: ser grandiosa, mas sem ruído.
KAÁ by Laguna - Curitiba/PR
Em cada tempo, uma linguagem. Em cada cidade, um contexto. Mas há algo que une todos os projetos aqui lembrados: a capacidade de tocar não só o olhar, mas o imaginário. A arquitetura de alto padrão é mais do que luxo. É história, cultura, emoção. Que sigamos, então, construindo o futuro com mais traço, mais presença e mais alma.
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