Em Curitiba, as fachadas dizem mais do que aparentam. Cada linha, curva ou azulejo revela um capítulo da história da cidade. Neste artigo, embarcamos em uma viagem no tempo por meio de construções que não apenas resistiram às décadas, mas ajudaram a moldar o imaginário urbano curitibano. Da fundação ao futuro, a arquitetura é o reflexo vivo das escolhas culturais, sociais e estéticas de uma cidade em constante reinvenção.
No coração da cidade, a arquitetura revela suas raízes. Caminhar pelo centro histórico é revisitar a Curitiba do século XX, uma época de transformações marcantes, com influências europeias e espírito modernista.
O Paço da Liberdade, inaugurado em 1916, é um dos marcos mais emblemáticos. Seu estilo eclético, com traços do art nouveau, contrasta com os arranha-céus ao redor e nos lembra de um tempo em que Curitiba ainda descobria seu ritmo. Outro gigante cultural é o Teatro Guaíra, de 1954, onde a linguagem moderna se expressa em formas sólidas e limpas, tudo coroado pelo mural de Poty Lazzarotto, verdadeiro ícone visual da cidade.
E, claro, o imponente prédio da Universidade Federal do Paraná, na Praça Santos Andrade. Suas colunas neoclássicas são um lembrete da tradição intelectual e da importância da educação pública no desenvolvimento da capital.
A arquitetura curitibana também é profundamente influenciada pelos povos que ajudaram a construí-la. Italianos, poloneses, ucranianos e alemães trouxeram técnicas construtivas, materiais e estilos que resistem até hoje.
No Bosque do Papa, por exemplo, as casas polonesas montadas sem pregos resgatam o modo de vida simples e engenhoso dos primeiros colonizadores. Em Santa Felicidade, a herança italiana aparece nos casarões de alvenaria e nas fachadas coloridas com janelas em arco, muitas vezes abrigando restaurantes familiares que se tornaram parte do roteiro cultural da cidade.
Já nos bairros de tradição alemã ou ucraniana, como Abranches e Pilarzinho, igrejas com cúpulas douradas, casas com jardins frontais bem cuidados e elementos em madeira entalhada contam histórias silenciosas de fé, trabalho e permanência.
Nas décadas de 1960 a 1980, Curitiba se destacou nacionalmente pelo seu modelo de planejamento urbano e isso se refletiu diretamente em sua arquitetura.
A criação de estruturas funcionais como a Rua 24 Horas, os terminais de transporte integrados e as icônicas estações-tubo mostraram que era possível unir eficiência, estética e acessibilidade. A forma seguiu a função (um dos princípios do modernismo) mas sem abrir mão do design inovador e da identidade visual própria.
Edifícios de uso misto passaram a surgir nos bairros centrais, como o Batel e o Centro Cívico, sinalizando um novo estilo de vida urbano, prático e conectado.
Mais recentemente, Curitiba tem se projetado como polo de arquitetura contemporânea no Brasil. O destaque vai para projetos que equilibram inovação tecnológica, design de autor e consciência ambiental.
O Museu Oscar Niemeyer (MON), conhecido como “Museu do Olho”, é um desses símbolos. Com linhas futuristas e assinatura de um dos maiores nomes da arquitetura mundial, o MON representa a intersecção entre arte, arquitetura e paisagem urbana.
No mercado imobiliário de alto padrão, empreendimentos como o Ícaro Jardins do Graciosa, assinado por Arthur Casas, ou o KAÁ, da Laguna, desenvolvido pelo Bernardes Arquitetura, trazem o conceito de biofilia, integração com a natureza e soluções sustentáveis que elevam o morar a uma experiência sensorial e sofisticada.
Mais do que abrigar pessoas, a arquitetura de Curitiba abriga memórias. Cada edifício conta uma história, de um tempo, de uma comunidade, de uma visão de futuro. E, ao preservar e valorizar esse patrimônio, mantemos vivas essas narrativas, e também inspiramos novas.
Para quem busca investir, morar ou apenas compreender melhor a alma curitibana, olhar para seus edifícios é uma forma de decifrar a cidade.