20 de maio de 2025

Do Clássico ao Contemporâneo: A Arte de Decorar Imóveis de Alto Padrão


O mercado imobiliário de alto padrão tem passado por uma constante evolução, refletindo os hábitos, valores e estilos de vida de um público cada vez mais exigente. Além de metragem ampla e localização privilegiada, hoje os imóveis de luxo são concebidos como verdadeiros cenários de experiências únicas onde cada detalhe importa. Nesse contexto, a decoração deixa de ser apenas um complemento estético e passa a ser um diferencial estratégico que agrega valor emocional e patrimonial ao imóvel.


Ambientes bem decorados influenciam diretamente na percepção de sofisticação, conforto e exclusividade, atributos essenciais no segmento de alto padrão. Uma curadoria bem executada de móveis, obras de arte, texturas, cores e iluminação pode transformar completamente a experiência de habitar, e também de investir, em um imóvel de luxo.


E é justamente nesse cenário que entra o papel fundamental do decorador, profissional responsável por dar forma, alma e identidade a cada espaço. Em homenagem ao Dia do Decorador, celebrado em 30 de maio, este artigo é um convite para explorar a evolução da decoração nos imóveis de alto padrão: do clássico ao contemporâneo. Uma jornada que valoriza o talento, a sensibilidade estética e a capacidade criativa de quem transforma espaços em verdadeiras obras de arte para viver.


Origens Clássicas: o luxo que impressionava



Entre os séculos XVIII e XIX, a decoração dos imóveis de alto padrão era marcada por um ideal de grandiosidade e prestígio. Inspirados pelas cortes europeias e movimentos artísticos da época, como o classicismo e o estilo vitoriano, os espaços interiores refletiam status social e poder, uma verdadeira extensão do refinamento e da sofisticação da aristocracia.


Características principais: elegância imponente


A estética clássica desse período valorizava móveis robustos e imponentes, muitas vezes entalhados à mão e confeccionados com madeiras nobres como mogno, carvalho ou jacarandá. Os ornamentos eram abundantes: molduras douradas, colunas internas, boiseries, espelhos com bordas trabalhadas e cortinas pesadas em tecidos como veludo e brocado.


As cores predominantes variavam entre tons sóbrios e profundos como vinho, azul petróleo, verde musgo e dourado, criando ambientes densos, solenes e elegantes. Cada sala era decorada com atenção milimétrica aos detalhes, e o conjunto era pensado para impressionar quem adentrasse o espaço.


Estilos que marcaram época


Do classicismo, veio a inspiração na arquitetura greco-romana, com simetria, colunas e um apelo à racionalidade estética. Já o estilo vitoriano, popular na Inglaterra durante o reinado da Rainha Vitória, apostava em uma decoração mais carregada, repleta de texturas, padrões florais e acessórios decorativos, traduzindo um romantismo dramático e exuberante.


Esses estilos influenciaram não apenas os interiores, mas também os projetos arquitetônicos dos imóveis mais valorizados, muitos dos quais ainda podem ser vistos preservados em palacetes, casarões e museus históricos.


O papel do decorador: artista e conselheiro da elite


Nesse contexto, o papel do decorador era nobre e, muitas vezes, reservado à elite intelectual da época. O profissional, que nem sempre recebia esse nome, atuava como um consultor estético da alta sociedade, com profundo conhecimento em artes, mobiliário e história.

Mais do que escolher objetos, ele era responsável por criar uma atmosfera coerente com o status e os valores do morador, coordenando artesãos, marceneiros, tapeceiros e pintores para dar vida a um ambiente à altura das expectativas sociais e culturais do cliente.


Transição de estilos: Ecletismo e Art Déco no início do século XX



Com a chegada do século XX, o mundo vivia um momento de transformações culturais, sociais e industriais, e isso se refletiu diretamente na forma de habitar e decorar. A rigidez dos estilos clássicos começou a dar lugar a uma nova liberdade criativa, marcada pela mistura de referências históricas, inovações tecnológicas e influências internacionais.


É nesse período que surgem duas correntes importantes na transição para a estética contemporânea: o Ecletismo e o Art Déco.


Ecletismo: liberdade para combinar estilos


O Ecletismo se consolidou como uma resposta à rigidez dos estilos anteriores. Com ele, surgem ambientes que mesclam elementos do clássico, do oriental, do colonial e até do exótico, criando composições únicas e personalizadas.


A decoração passou a valorizar a individualidade e a expressão de identidade por meio da composição de diferentes estilos e épocas. Essa liberdade criativa influenciou também a arquitetura, resultando em projetos que combinavam frontões clássicos com vitrais coloridos, colunas gregas com azulejos árabes, e interiores decorados com peças de diferentes origens e estilos.


Art Déco: geometria e materiais nobres


Na esteira da modernidade, o Art Déco surgiu como um movimento que celebrava o progresso, o luxo e o otimismo da era industrial. A estética era marcada por linhas retas, formas geométricas, simetria e sofisticação, com forte influência das artes plásticas e da arquitetura moderna.


Nesse estilo, a decoração incorporava materiais considerados nobres e modernos para a época, como vidro lapidado, espelhos, metais cromados, mármore, laca e madeiras exóticas, criando ambientes que refletiam o luxo com uma nova linguagem visual, menos ornamentada, mas igualmente imponente.


O decorador como curador de tendências


Com a variedade de referências e o acesso a novas influências vindas da Europa e dos Estados Unidos, o papel do decorador passou a assumir uma função ainda mais estratégica: a de curador de tendências e tradutor do novo luxo.


Era ele quem selecionava, harmonizava e adaptava essas inspirações à realidade dos imóveis de alto padrão, equilibrando tradição e inovação, história e modernidade. Com o avanço da industrialização, o decorador também passou a ter acesso a novos materiais, móveis e acabamentos, ampliando seu repertório criativo e sua capacidade de personalizar os espaços.


Essa fase de transição foi crucial para moldar o que entendemos hoje como sofisticação contemporânea: uma combinação de elegância atemporal com toques de modernidade, funcionalidade e originalidade.


A Era Moderna e o surgimento do estilo contemporâneo (1950–2000)



Entre as décadas de 1950 e 2000, o mercado imobiliário de alto padrão passou por uma transformação profunda. O ideal de luxo excessivamente decorado deu lugar a um novo conceito de sofisticação: o essencial bem pensado. Foi nesse cenário que surgiram os pilares do que hoje conhecemos como estilo contemporâneo, com foco em minimalismo, funcionalidade, leveza visual e integração dos espaços.


A estética do menos é mais


Inspirado pelas ideias do movimento moderno, esse período foi marcado por uma arquitetura de linhas puras, volumes bem definidos e uma decoração que eliminava o excesso em favor de ambientes mais fluidos, práticos e acolhedores. O lema “menos é mais”, consagrado por Ludwig Mies van der Rohe, guiou uma nova abordagem: o luxo passou a ser medido pela qualidade do espaço, da luz e dos materiais, e não pela quantidade de ornamentos.


Ao lado de Mies, nomes como Le Corbusier também foram fundamentais para essa revolução estética. Com sua visão de que “a casa é uma máquina de morar”, ele propôs plantas livres, janelas em fita, integração com o exterior e a valorização da estrutura funcional, conceitos que redefiniram o design de interiores e a arquitetura residencial de alto padrão.


Funcionalidade como novo luxo


A funcionalidade tornou-se um atributo de valor. Móveis com desenho limpo e soluções inteligentes para aproveitamento do espaço passaram a ser desejados. As cores neutras como branco, cinza, bege e preto passaram a dominar os ambientes, destacando texturas naturais, como madeira, concreto, vidro e aço inox.


Essa fase também incentivou o uso de obras de arte, peças de design assinado e iluminação planejada como elementos-chave da decoração. Tudo era pensado para valorizar a experiência do morar com conforto, beleza e racionalidade.


O impacto da tecnologia


Com o avanço da tecnologia, novas possibilidades começaram a transformar os interiores. A iluminação passou a ser mais versátil, com o uso de embutidos, trilhos, dimmers e luminárias esculturais. A automação residencial deu os primeiros passos: controle de luz, som e climatização começaram a ser integrados aos projetos, antecipando a casa inteligente dos dias atuais.


O decorador, nesse novo contexto, tornou-se um especialista multidisciplinar, com domínio não apenas do design, mas também das soluções tecnológicas e de bem-estar. A curadoria passou a incluir peças de design icônico, obras de arte contemporânea, materiais inovadores e recursos voltados à funcionalidade, conforto térmico e acústico.


Esse novo olhar redefiniu o alto padrão: um imóvel sofisticado não precisava mais provar sua elegância por meio do excesso, mas sim por meio da intenção e qualidade em cada escolha.


Tendências contemporâneas no mercado de luxo


Nos últimos anos, a decoração de imóveis de alto padrão passou a refletir um novo ideal de viver: mais conectado, consciente e personalizado. A sofisticação contemporânea vai além da estética, envolvendo experiência, conforto e propósito. O design de interiores tornou-se uma extensão do estilo de vida, e o papel do decorador é, mais do que nunca, essencial para traduzir esse desejo em espaços únicos.



Estilos em alta: elegância com identidade


A pluralidade é uma das marcas da decoração atual, e diferentes estilos convivem harmoniosamente, respeitando a personalidade do morador. Entre os mais valorizados no mercado de luxo, destacam-se:

  • Industrial chic: uma releitura urbana do estilo industrial, com estruturas aparentes, concreto, aço e tons escuros. O luxo está nos contrastes e no acabamento impecável de cada material.

  • Escandinavo: minimalista, funcional e acolhedor, aposta em tons claros, iluminação natural e materiais como madeira e linho. Um estilo que valoriza o conforto com leveza.

  • Maximalismo sofisticado: aqui, mais é mais, mas com curadoria. Estampas, cores marcantes, obras de arte e peças vintage compõem ambientes cheios de personalidade, onde cada elemento tem intenção.

Esses estilos mostram que o luxo contemporâneo pode ser tanto contido quanto exuberante desde que tenha coerência estética e autenticidade.


Integração entre tecnologia e sustentabilidade


No mercado imobiliário de alto padrão, tecnologia e sustentabilidade já não são tendências, são requisitos. Projetos contemporâneos incorporam sistemas inteligentes de automação, iluminação controlada por apps, som ambiente, persianas motorizadas e climatização integrada. Tudo para oferecer mais praticidade, conforto e eficiência energética.


Ao mesmo tempo, cresce a valorização de materiais sustentáveis, reaproveitamento de recursos, certificações ambientais e soluções que priorizam o bem-estar, como ventilação cruzada, iluminação natural abundante e uso consciente da água.


O resultado são ambientes que aliam design, inovação e responsabilidade, provando que o verdadeiro luxo está em viver com propósito, beleza e inteligência.


O profissional decorador hoje: uma visão estética e estratégica



No mercado imobiliário de alto padrão, o decorador se consolidou como um verdadeiro curador de experiências. Além da estética, ele domina tendências globais, ferramentas digitais e sourcing internacional para criar ambientes exclusivos e alinhados ao estilo de vida do morador.


Sua atuação vai muito além da beleza: valoriza imóveis na planta, cria diferenciais em lançamentos e transforma residências em espaços com alma. Hoje, decoradores são parceiros estratégicos de empresas do setor de luxo e protagonistas na criação de ambientes memoráveis.


A trajetória da decoração no mercado imobiliário de alto padrão revela uma constante evolução: do clássico ao contemporâneo, do ornamento à essência. Em cada fase, o papel do decorador se adaptou, inovou e, hoje, se fortalece como um dos pilares da sofisticação e do bem-viver.


Neste Dia do Decorador (30/05), celebramos não só o bom gosto, mas a sensibilidade e a visão que esses profissionais imprimem em cada detalhe. Afinal, mais do que projetar espaços, eles ajudam a contar histórias com beleza, propósito e elegância.

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